Marcados pelos desafios, cientistas precisam da presença eclesial em sua vocação

A tarde desta quinta-feira (12/11) foi marcada pela reflexão sobre o papel da Igreja no acompanhamento pastoral do cientista católico. A II edição do Congresso Humanismo Solidário e I International Congress of Solidary Humanism at Science, através do Painel dos Proponentes, conduziu os congressistas a contemplar a realidade que vive a sociedade, e nela o papel da ciência para o bem comum e da possibilidade de a espiritualidade ser uma âncora na vida do cientista, através um acompanhamento.
Com mediação de Taciane Barros de Melo participaram deste momento o Prof. Me. Pe. Danilo Pinto dos Santos, membro fundador da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC) e assessor do Setor Universidades e Bens Culturais da CNBB; Prof. Dr. Everthon de Souza Oliveira presidente da SBCC e professor do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), a Profa. Me. Milena Assunção, coordenadora de EaD da Universidade CEUMA e também coordenadora do Ministério Universidades Renovadas – MUR/RCC, o Prof. Me. Pe. Jorge Ivan Alvarez Gómez professor da Faculdade de Filosofia da Universidade Pontifícia Bolivariana (UPB) e ex-assessor do setor de educação e cultura do CELAM.
Em sua fala Padre Danilo lançou um olhar histórico sobre o I Congresso Humanismo Solidário na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro no ano de 2018. Com mais de 300 inscritos entre mestres e doutores e a representação de 70 instituições de ensino superior, o evento teve grande representação o que levou os organizadores a desejar ter uma “casa”, um local para continuar a reflexão, nascendo assim no seio da Igreja do Brasil a Sociedade Brasileira Cientistas Católicos. A partir de então, o acompanhamento aos cientistas católicos sempre foi pauta de reflexões em reuniões da SBCC por perceberem que, muitas vezes, o fazer ciência é um exercício acompanhado de solidão, falta de afetividade e problemas de saúde mental, frutos de muitas pressões. Cuidar do cientista é, portanto, uma obra de misericórdia corporal e espiritual.
Já o Prof. Dr. Everthon de Souza realizou uma fala provocativa. “O que o cientista católico tem diferente de outro cientista e de outro católico?” questionou. Assim, como o cristão o cientista tem a tarefa de dar testemunho e profetismo. Com riqueza de exemplos e detalhes, o professor explicou o que significa solidariedade como sendo uma palavra moderna que transmite a ideia de um sólido, e pode ser entendida como a capacidade de enxergar que sou parte de um corpo, que estamos conectados, por exemplo, ao tomar a vacina eu sou solidário com uma pessoa na Austrália ou no Reino Unido, pois estamos todos unidos. Para o cientista a sociedade migrou de um relativismo, cunhado na expressão da modernidade líquida, para uma intolerância, usando a imagem de grânulos. A existência de grupos cada vez mais fechados e rígidos, sem abertura aos demais e que se dividem ao menor conflito interno, tem gerado uma fragmentação de ideias catastrófica. Neste contexto de guerra de versões com múltiplas “verdades” é impossível fazer solidariedade, afirmou o professor.
O professor trouxe a ideia que todo “homem de boa vontade” é capaz de ser solidário e enxergar o outro. Entretanto o cristão deve dar um passo ainda maior: que é se enxergar no outro através da misericórdia. Cabe ao cristão o profetismo da Verdade em oposição ao relativismo denunciando, por exemplo, ofensas à dignidade humana em sua integralidade, e igualmente o testemunho da caridade e do diálogo numa sociedade onde todos precisam de todos, concluiu.
Já a Prof.ª Milena Assunção destacou a vida missionária no campus exemplificando o cotidiano do Ministério Universidades Renovadas. De acordo com a docente, no Grupo de Partilha de Profissionais promovidos pelo Ministério, os cientistas têm a possibilidade de estudar textos bíblicos, do magistério da Igreja bem como compartilhar projetos acadêmicos e sociais. Realçando a espiritualidade, a docente frisou a importância de colocar em prática os talentos que Deus concedeu a cada pessoa, bem como implantar a cultura de Pentecostes e a civilização do amor.
Na intervenção do Prof. Pe. Jorge Ivan Alvarez o destaque foi para aspectos da espiritualidade inaciana. Conceitos como consolação, desolação e discernimento foram contextualizados como numa peregrinação onde o cientista/peregrino se encontra com um grupo (coletividade) rumo a uma meta e no caminhar se complementam numa ajuda mútua. Para o professor é necessário pensar no cientista, no acompanhante e em Deus para que haja uma pastoral autêntica centrada em Cristo Jesus.
O II Congresso Brasileiro de Humanismo Solidário na Ciência e I International Congress of Solidary Humanism at Science é organizado conjuntamente pela Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pelo Ministério Universidades Renovadas (MUR/RCC-BR) e conta com o apoio da Universidade Católica de Salvador (UCSal-BA) e da Universidad Pontificia Bolivariana.
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